quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Que Velhinha

Sempre fui ligado em assuntos de caridade. Na verdade, não muito, mas me interesso. Tá bom vai, nunca vou ser lembrado por este adjetivo, mas gosto de quem é caridoso, tá melhor assim?

Dias desses um amigo me convidou para visitar uma senhora idosa, doente e que nunca recebia visitas da família. Vivia apenas com seus gatinhos. Não gosto de gatos! Mas devido a insistência do meu amigo, aos apelos de que a senhora ficaria muito feliz com nossa visita, topei fazer a tal visita.

A casa nao era a mais feia da rua. Até que era ajeitadinha, um bonito jardim, com duas ou três pequenas árvores e umas roseiras mal podadas.

Quando entramos é que veio a surpresa, má surpresa, péssima surpresa. A senhora possuía uns vinte ou trinta gatos. Amarelos, cinzas, pretos, grandes, pequenos... Já disse que não gosto de gatos? Pois bem, mas os gatos gostam de mim... tenho pelos de gato até hoje saindo da minha orelha, eca!

Dona Rosa, a senhora dona dos gatos ficou muito feliz com nossa visita, nos contou histórias de sua juventude, e, disse que vive com gatos desde que havia se tornado viúva, há uns doze anos, aproximadamente. Ela sabia o nome (e sobrenome) de todos, chamava um a um para dar biscoito e fazer um afago nos bichanos:

"Este aqui adora cócegas na barriga", dizia ela brincando com um gato marrom em seu colo. "Este outro aqui, vem cá Bilu, é um encrenqueiro, briga com todos."

Ela beijava cada gato. Cada um deles.

Depois de dez minutos afagando gatinhos ela nos ofereceu um café. Pânico! A casa estava suja, muito suja, tinha gatos por todos os lados, os pelos voavam pela casa toda. Ai que saudades da minha camiseta preta de banda de rock, nunca mais foi a mesma. Meu amigo disse que não era necessário, eu também disse que não queria, estava calor para um café. Na verdade, estávamos com nojo, eca!

Mas dona Rosa disse que não aceitava um "não!" como resposta, que o café que havia feito estava delicioso, que até o briguento Bilu tinha gostado. Ela levantou-se e foi até a cozinha dizendo que não iria demorar pra voltar. Pânico!

Ela voltou rapidamente. O café não podia ter sido feito naquele momento. Eca! Não estava saindo fumacinha da xícara. Realmente o café não acabara de ser feito. Pânico, eca!

Bondosamente a bandeja foi posta em minha frente, escolhi a xícara mais vazia. Era visível a sujeira na xícara, a borda, a asa, tudo estava sujo. Girei a xícara a procura de um local menos sujo pra poder tomar um golinho, mínimo que fosse. Girei, girei, procurei e finalmente achei um pedacinho limpo na borda, perto da asa. Levei a boca e bebi. E então ouvi aquela voz bondosa dizendo:

"Que coincidência, eu também só bebo nesse catinho".

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Lema da Postagem

"Servimos mais ou menos para servir de vez em quando."

terça-feira, 26 de agosto de 2008

A Melhor e Menor Redação Do Século

Redação: "O Mano"

Quando eu tiver um mano, vai se chamar Herrar, porque Herrar é o mano.

Fim.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Férias

Estou de férias, não terá post novo até eu voltar, tá bom?
Vou tentar fugir dos paparrazzis e me refugiar num lugar com TV com cobertura total das Olimpíadas e voltar cheio de histórias novas.

Até um dia,

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Dentista e Aula? Ah, Não!

Segunda-feira, 7:30h da madrugada, chego pra mais uma consulta com meu dentista.
E logo vem toda aquela rotina: abre a boca - mais um pouco - não vai doer - agora cospe - tá quase acabando - mais um pouco agora - tá doendo? (não sei o porquê de perguntarem, nunca conseguimos falar com aquele sugador, espelhinho, motorzinho e uns cinco dedos na sua boca) - pronto - cospe - terminou.

Ah... antes que me esqueça, doeu sim!

Uma coisa sempre me deixou intrigado quando o assunto é dentista: Por que o mundo evolui tanto, já fomos à Lua, falamos com pessoas que estão a milhares de distância de nós, mas ninguém consegue tirar o maldito barulho daquele motorzinho de dentista? Resolvi perguntar pro Dr. Alex.

Pior do que sentir a dor e ouvir o barulho daquela bosta foi a resposta. Resposta, não! Aquilo foi uma verdadeira aula, daquelas chatas que dá vontade de dormir.

A explicação dele foi que os mecanismos usados nas maquininhas eram similares a de uma turbina de avião (???), mas que na realidade o problema era que o barulho causava ansiedade e stress no paciente e por isso, esses sentiam mais dor do que a dor real. Ou seja, esse safado quis me convencer que eu não estava sentindo dor, e, que ainda o problema era meu?

Eu prometo, nunca mais volto ao dentista... Pensando bem, até volto, mas nunca sem anestesia. Nunca.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Devo, Não Nego! Pago Tudo Com Cartão Corporativo

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terça-feira, 22 de julho de 2008

Me Deve Uma

Dias desses atrás, saí atrasado de casa, pra variar parecia que havia brigado com todos os faróis, pois, era eu avistar qualquer um deles e na mesma hora já ficavam vermelhos. O trânsito era o de costume, como em todos os dias, ou seja, péssimo. Cheguei ao escritório em cima da hora e percebi que meu pneu estava baixo, mas deixei pra lá, imaginei estar apenas murcho, e, resolvi levar só depois a um borracheiro.

Minutos mais tarde, um colega veio me alertar que meu pneu estava furado, e, como bom preguiçoso que sou decidi levar o carro para consertar o pneu naquele mesmo momento, afinal fazer todo aquele processo de pegar-o-macaco, afrouxar-os-parafusos, levantar-o-carro, tirar-os-parafusos, tirar-o-pneu, pegar-o-step, encaixar-os-parafusos, apertar, baixar-o-carro, apertar-os-parafusos, guardar-o-pneu-furado... Ufa, isso cansa, sem contar que a sujeira fica na sua mão por muito tempo, vira e mexe você ainda acha uma graxinha embaixo de uma unha.

Fui a um borracheiro perto do escritório, estacionei e logo veio um garoto de uns 15 ou 16 anos, me deu bom dia e pedi pra ele arrumar meu pneu:

- Não sei remendar pneu não, patrão.

Perguntei se ele sabia ao menos trocar o furado pelo step e ele acenou positivamente com a cabeça. Abri o porta-malas do carro e deixei que ele trabalhasse. Estava distraído, e, tomei um susto quando vi que ele já havia tirado dois parafusos da roda sem levantar o carro.

- Você não vai levantar o carro, amigão?

- Rapaz, já ia me esquecendo... se você não me fala...

Fiquei assustado com o fato e fiquei alerta em todo movimento do garoto, mas achei que nada podia dar errado numa troca de pneu. Como fui inocente ao achar isso. Segundos depois meu carro estava com um vazamento próximo de onde o macaco sustentava o carro.

- Que é isso?

- Nada não patrão, só água do macaco.

- Que macaco é esse que tem água?

- ...

- Tá cheirando gasolina.

- Pior que é gasolina mesmo.

- Quer que dê uma olhada?

- Que pergunta, claro que sim.

- Ah, foi só uma pecinha aqui que quebrou, quer que arrume?

- Ai caramba, lógico!

- Achei, foi só um negócio aqui que... que... que não consigo encaixar, quer que eu arume?

- Quero, caramba!

- Não to conseguindo.

- E agora?

- Não sei, vou chamar o japonês da mecânica, ele deve saber arrumar.

O japonês sabia mesmo, entrou debaixo do carro e logo veio com o diagnóstico:

- Foi o filtro de combustível.

- Você tem um? Dá pra arrumar?

- Não tenho, mas sei quem tem, vou buscar.

- É caro?

- Não, baratinho.

Dez minutos depois, volta o japonês com a peça nova na mão, entra debaixo do carro e mais dois minutos sai de lá com cara de Jaspion que acabou de salvar o mundo e nem suou a camisa.

Olhei pra um lado e pra outro e nem sinal do garoto que fez o estrago, então virei pro japonês e disse que quem iria pagar pela peça e pelo serviço dele seria o garoto da borracharia. Acho que ele não gostou muito de ouvir isso, mas não teve saída e disse que resolveria com o dono da borracharia.

Já estava indo embora e o garoto da borracharia correu até mim e com um ar superior em suas palavras:

- Aí patrão, pode deixar que eu pago sua peça lá pro japonês.

Pensei em xingar e dizer: “claro seu filho da puta, foi você quem ferrou com meu carro, se vira”, mas pensei melhor e só disse:

- Ah, sim, claro. Obrigado, amigão.

Até hoje passo em frente essa borracharia e o garoto me olha com aquele ar de quem quer dizer: “Ta me devendo uma, hein patrão?”

Eu devia mesmo ter xingado aquele garoto.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Pac Man

Quem alguma vez não jogou Pac Man nos modernos Atari, ou fliper?
Achei a idéia genial, é da galera do UmPatriots. Os caras são não devem estudar muito não, mas se divertem demais.



segunda-feira, 14 de julho de 2008

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Emo Road


Esses aí estavam indo a um show do Simple Plan, e, pelo jeito estavam no caminho certo.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O Que Significa Mesmo?

Ontem peguei ônibus com uma amiga que tem um nome meio diferente: Aneliza. Isso sempre rendeu algumas piadinhas com o seu nome. Eu mesmo sempre a chamei de “Ane-lesma”, outros só pra irritar a chamavam de Ana Eliza e por aí vai.

Uma vez, meu irmão me contou que o nome da cidade paulistana Itapecerica da Serra tinha origem indígena e que Itapecerica significava “pedra lisa”.

Em umas das muitas viagens que fiz com minha turma de colégio, tomei um pouco de tequila a mais e minha criatividade foi a mil. Comecei a tocar violão e inventar histórias sobre cada música, a origem de cada uma delas, como o músico se inspirou etc. Aí um amigo disse que Bobby Mcgee cantado por Janis Joplin era o cachorro da cantora. Todos olharam meio desconfiados pra ele, mas em cima disso eu disse que era verdade. E fui além, disse que ela havia escrito Summertime enquanto estava doidona, e, era uma justa homenagem à marca de protetor solar usado por ela diariamente, e, por isso era considerada uma mulher à frente do seu tempo, pois, em plena época hippie, ela já se preocupava com os males causados pelos raios solares que passavam pelo buraco da camada de ozônio. Como eu era o cara da turma que era justo, não roubava no truco e inspirava credibilidade, todos acreditaram na história. Todos menos Aneliza, ela sempre duvidava de mim e vinha com outras versões e fatos contrários de tudo que eu dissesse, mas minha história era tão boa que ninguém deu ouvidos a ela.

Para perder a amiga e não perder a piada, meus neurônios mergulhados na tequila resolveram aprontar mais uma. Virei para todos e desafiei quem é que sabia a origem e significado do nome da nossa amiga Aneliza. A piada dela foi a mais clássica e previsível: “veio da minha mãe”. Apenas para constar, ninguém riu. Uns tentaram pensar em algo criativo, mas não saíram muito boas histórias, até que contei a verdade. A minha verdade.

Aneliza é um nome de origem indígena. Certa vez um índio de uma tribo distante no interior do Brasil, subiu no alto de uma pedra para poder avistar possíveis inimigos de sua aldeia; essa pedra tinha algum limo e ficara escorregadia. Quando o índio estava no alto da pedra e viu que sua tribo seria atacada, tamanha foi sua empolgação que tentou correr para avisar os demais, porém escorregou na pedra e gritou em alto e bom som: A-N-E-L-I-Z-AAAAA, que se usarmos o tradutor do Que se Lasque Tudo chegamos a algo parecido com: Eita pedra lisa, sô.”

A história comoveu a todos, e, até hoje quando a encontro não consigo chamá-la por outro nome a não ser Pedra Lisa.

Alguns podem duvidar da minha história, mas andei pesquisando alguns nomes indígenas e acabei desistindo após encontrar o primeiro exemplo:

Irapuã = Mel redondo. Existe mel redondo?

Depois assisti ao Marcelo Adnet e ele disse que a palavra “Iabá” significa “do mundo”, nesse caso quem mora em Cuiabá... bom, melhor deixar pra lá, né?

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Dica de Presente

Vi no Kerkhoff? Se alguém tem dúvida sobre o que dar no dia dos namorados eis uma sugestão.














segunda-feira, 26 de maio de 2008

Quer Sair?

- Amor, me leva pra passear?

- Claro, pra onde?

- Ah, isso eu não sei, você quem sabe.

- Mas você quer fazer o que?

- Sair

- ...

- Ah, sei lá, vamos fazer qualquer coisa.

- Lembra daquele motel que fomos ali perto do...

- Motel, Carlos? Você só pensa nisso?

- Você disse que eu era quem sabia...

- Mas motel, não.

- Hummm, estou com vontade de comer aquela pizza.

- Você está louco? Ainda não perdi aqueles quilinhos que você me disse que eu tinha achado por aí, lembra?

- Mas amor, aquilo foi brincadeira, você está uma delícia.

- Ai Carlos, você não é o mesmo com o qual eu me casei.

- Claro que não! Você ficou tentando me mudar a vida toda, pois bem, conseguiu! Satisfeita?

- Grosso.

Dez minutos depois...

- E então Alice, já se decidiu aonde quer ir? Que tal aquele barzinho da Lapa? A turma deve estar toda lá, está uma noite quente, ótima pra tomar uma cerveja.

- Não sei, você quem sabe.

- Então vamos?

- Na Lapa? É muito longe.

- Então vamos ao cinema? Li uma crítica ótima sobre o filme novo daquele ator que você gosta.

- Você sabe que eu não me entendo com a crítica desses jornais. Se disserem que o filme é uma obra de arte, eu odeio e quando falam que é ruim...

- Tudo bem, Alice. Quer ir ao shopping? Estou precisando de uma chuteira nova pro futebol.

- Chuteira nova? Eu não acredito nisso! Eu te dei uma no seu aniversário. Você não gostou né? Paguei uma fortuna e você já quer trocar? Que absurdo Carlos, francamente.

- Tudo bem Alice, não vou trocar de chuteira, melhor assim?

- Melhor...

Mais dez minutos...

- Amor, vamos deitar?

- Deitar Alice?

- É, não quero mais sair, pede uma pizza.

- Tá bom, de que?

- Ah, isso eu não sei, você quem sabe...

quarta-feira, 21 de maio de 2008

terça-feira, 20 de maio de 2008

Alguém te Ligou

Louco para mudar de emprego, enviei tantos currículos através da internet, correio e em mãos de conhecidos que minha mãe dizia que um dia eu apareceria na TV, em uma reportagem dizendo que eu era a pessoa com mais currículos distribuídos no Brasil.

Para não perder nenhuma oportunidade, meu celular estava sempre ligado e ao meu lado.

Porém às vezes me ligavam em casa, e, minha mãe anotava o recado:

“- Alguém, de alguma empresa ligou durante o dia sobre um emprego e que ligaria no seu celular.

Na maioria das vezes, não recebia essa tal ligação e acabava tendo que ir trabalhar no dia seguinte na mesma bat-caverna.

Dias desses, estava na expectativa de receber uma ligação a qualquer momento. Havia feito uma entrevista, depois outra com o responsável da área, depois um teste, depois uma conversa com a psicóloga e por fim me falaram que eu estava entre outros oito candidatos pré-selecionados. Me senti um número, mas enfim, pelo menos eu era um dos oito.

Acordei naquela manhã e viajei na idéia de que meu celular tocaria antes mesmo de eu descer do ônibus, um voz bonita no outro lado da ligação me diria: “bom dia senhor, meu nome é Michele, sou do RH da empresa ALPHA, e o senhor foi aprovado em todas as etapas de nosso processo seletivo. O senhor poderia começar amanhã?”

Confirmei se havia bateria suficiente em meu celular e lá fui eu até o ponto de ônibus. Pra variar, peguei o mesmo ônibus, com as mesmas pessoas, com o mesmo cheiro, tudo igual, todo dia.

Durante o trajeto, todo ele feito em pé, me distraíram conversas, daquelas ótimas, que uma diarista conta pra amiga como a patroa é sem grana mas vive contando vantagens para as outras vizinhas, ou então a dena de uma mãe levando os três filhos pra escola, um amontoado de crianças num pequeno espaço do banco, todas dormindo uma em cima das outras.

São milhões de histórias que acontecem em poucos quilômetros percorridos em muitos minutos de viagem, acredito que daria até um livro. Vou pensar nisso...

Assim que desci do ônibus, ouvi um sinal vindo do meu celular, rapidamente peguei meu celular e vi uma chamada perdida, gelei da cabeça aos pés, afinal eu era “um dos oito”, porém a ligação vinha de um número restrito e isso me deixou agoniado, pois, não poderia retornar a ligação.

Andei até o escritório onde trabalho, com o celular na mão, mas não recebi nada, nenhuma outra ligação. Não tinha o número do telefone da empresa onde fizera o teste, sabia que tinha um cartão, mas estava em casa. Foi um dia de agonia, quando meu telefone tocava e era alguma ligação pessoal, já dava um jeito de despachar a pessoa rapidamente, afinal eu ainda deveria ser “um dos oito”.

A noite em casa, ouço o clássico:

“- Alguém, de alguma empresa ligou durante o dia sobre um emprego e que ligaria no seu celular.

A minha chance de ser o número 1 entre os oito estava desmoronando. Corri e peguei o cartão da empresa, liguei e pedi o ramal do RH, ouvi uma voz muito simpática me atender, e, quando disse meu nome, ouvi a notícia:

“– Me desculpe senhor, mas tivemos urgência para preencher a vaga e como o senhor não atendeu nossa ligação, optamos por chamar o segundo classificado”

Pois é, agora eu sei que eu era o número 1 “entre os oito”, e, quer saber de uma coisa? Não sei se celular voa, mas ver aquele celular voando janela abaixo foi do cacete...

Fique Aí Com Seus Botões

Esses dias li um texto muito bom. Recebi de uma amiga que escreve para o jornal da Universidade que trabalha. Gostei tanto que resolvi postar, segue abaixo:

“Fique aí com seus botões”

Ouvia isso de minha mãe na infância sempre que ela me punha de castigo por ter cometido alguma infração.

Para mim, era um castigo doloroso e instigante, porque parar para pensar, naquela hora, era praticamente impossível.

Era muito difícil manter a concentração na conseqüência, uma vez que a causa insistia em prevalecer a qualquer custo.

Ordenar os pensamentos sob a ordem de uma punição, requer do ser humano, o único capaz de pensar, um equilíbrio de raciocínio quase sobrecomum.

Peguei-me pensando nisso outro dia, depois que presenciei uma situação incomum: Depois de ouvir atenta e calada a conversa entre dois adultos sobre a guerra santa no Oriente Médio, minha filha perguntou com olhos curiosos:

Mas por que eles rezam e se matam?

Por longos minutos fiquei refletindo sobre a questão levantada.

Já esgotada de tanto imaginar qual seria a verdadeira razão para o conflito, resolvi caminhar pelas ruas, ao ar livre, a fim de arejar.

Enquanto respirava ao compasso das passadas, reordenei o que havia mentalmente compilado a cerca do assunto para, posteriormente, tentar responder ao interlocutor.

Foi quando avistei, em uma vitrine, algumas camisas brancas que me fizeram adentrar à loja.

Minha euforia foi tão explícita em relação à elas, que a vendedora, de pronto perguntou:

Qual destas a senhora prefere?

Respondi: A que tiver mais botões.

Por: Ângela Matté

segunda-feira, 31 de março de 2008

Dúvida



A estilista do Faustão seria a filha do Dunga?

sexta-feira, 28 de março de 2008

Wagnão Enrustido

Wagnão sempre se disse ser torcedor do Pirombolas. Time de uma cidade pacata do interior de Goiás. A caracterísitca dada pelos adversários à torcida pirombolana era de que os torcedores eram afeminados.

Os pirombolanos não gostavam dessa brincadeira, diziam que eram torcedores muito machos, e, quando a gozação começava, por muitas vezes desciam das tamancas e partiam pra cima dos demais torcedores rivais e os arranhavam e puxavam seus cabelos.

O principal rival do Pirombolas era o time do Trem de Ferro. Torcida do povo, diziam uns, sofredores, diziam outros, mas o amor a esse time era algo que transcendia, o amor levava a torcida a fazer verdadeiras loucuras para acompanhar o time em qualquer estádio que lá estivesse.

Naquele sábado à tarde, o time do Trem de Ferro jogaria no estádio municipal contra o Goiabal, time de menor expressão da região. Como de costume a torcida tremferrista estava se encaminhando em peso ao palco da partida, eram bandeiras alvi-negras tremulando por toda a avenida principal da cidade. Jorge e Inácio, amigos de Wagnão, decidiram ir até sua casa e convidá-lo para acompanhar o que chamavam de "jogo de macho". Como estava sem fazer nada, Wagnão resolveu acompanhar os amigos.

Dentro do estádio, Wagnão foi avisado que com a camisa rosa que estava usando não seria possível entrar na torcida do Trem de Ferro. Rapidamente percebeu que a saída seria usar uma camisa do time dos amigos. Não se fez de rogado, e pediu logo uma com a número 10, em alusão ao ídolo João Mangaba.

Por azar de Wagnão, estava sendo feita uma reportagem sobre o jogo para o jornal da região, e, o fotógrafo o flagrou vestindo a camisa tremferrista, e, essa foto virou capa do caderno de esportes.

Ao ver no dia seguinte a foto e o riso de toda uma cidade, Wagnão, pirambolano de coração, grita a todos:

- Eu sou da torcida da bicharada, eu sou da bicharada!

quinta-feira, 20 de março de 2008

Devora-me no Busão

Entrei no ônibus lotado, como fazia toda manhã, e dei de cara com uma loira que sempre se sentava no mesmo banco, logo após o cobrador. Porém nesse dia, ela sentou-se um pouco mais a frente. Não que eu me importasse com isso, mas nesse dia, algo não me soou bem ao ver essa cena.

Ao dar meu rico dinheirinho para pagar a passagem, inicia-se o diálogo entre mim e o cobrador:

- Colega, você mora por aqui?

Eu fiquei surpreso com a pergunta, mas respondi:

- Sim, na rua de baixo.
- Você sabia que está arrasando corações?

Tive um mini-ataque cardíaco. Mil coisas passaram em minha mente: "cacete, será que esse cobrador, está me cantando?"; "esse bigode deve arranhar" (esqueçam esse último comentário). Mesmo recém recuperado do problema súbito em minhas veias coronárias, permaneci firme, sem perder a pose e apenas levantei um canto da boca que poderia ter sido considerado um sorriso, mas era um segundo ataque cardíaco.

O cobrador do ônibus, continuou a falar:

- Tem alguém aqui no ônibus que quer muito te conhecer.

Nesse momento, veio em minha mente, quase que como uma tromba d'água, a imagem da loira sentada nos primeiros bancos do ônibus me dando um: "bom-dia-garanhão-tudo-bem?" com os olhos.

Senti um alívio refrescante no momento, algo digno de comercial de pasta de dentes feito numa praia ensolarada. Porém, meu cérebro processou rapidamente e decodificou a imagem da loira me devorando com os olhos diariamente. Aí tudo se encaixou, e, tive o terceiro ataque cardíaco. Era uma mulher daquelas que pegam o ônibus todos os dias e ficam falando alto como o patrão é ruim, como a vida é difícil sem dinheiro, como o filho não faz a lição de casa e blá blá blá... Se tem algo que não suporto em ônibus lotado é isso. Você já está lá, todo ferrado, não tem lugar pra sentar, já pisaram no seu tênis novo, e ainda por cima bate aquela sensação de que a sua marmita abriu dentro da mochila, e, ainda por cima tem que ficar agüentando as mesmas reclamações do povo todo dia? Ahhh, não dá, né?

Pra piorar, ainda havia umas garotas até bonitinhas próximas a esse fatídico diálogo, olhando pra minha cara e se mijando de tanto rir. Quase tive meu quarto ataque cardíaco, e, senti que poderia ser fulminante dessa vez.

O filho-da-mãe do cobrador nunca demorou tanto pra me devolver umas míseras moedinhas de troco, e, ainda por cima , tentou dar uma de "cupido" e me pergunta antes de liberar a catraca:

- E aí? vai querer?

Parecia que ele estava me perguntando: "estou vendendo tapioca, vai querer?"

Peguei o troco e disse:

- Próximo, vou descer no próximo.