domingo, 20 de junho de 2010

A Máquina de Xerox

Eu já trabalhava há alguns anos no escritório de uma fabrica, e depois de muito apelo, Lindomar, o chefe, resolveu aderir a uma ultramoderna máquina Laser (na época era o lançamento) que copiava, imprimia, conversava, dizia o que tava sentindo e perguntava se estávamos afim de um café, essas coisas.

Minha tia, me pediu para fazer umas transparências para ela levar a igreja, para que todos pudessem acompanhar a letra das músicas que seriam cantadas durante à missa. Bonzinho que sou, fui lá, comprei as transparências e quando acabou meu expediente coloquei para imprimir, mas descobri um detalhe na hora que a máquina iniciou a impressão.

Eu tinha comprado a transparência para impressora a jato de tinta, e, ao colocar na super máquina copiadora novíssima (que esquenta), a transparência derreteu! Isso mesmo, derreteu!

Começou a se entortar todinha, parecia que tava sendo possuída. Ai, ai meu Deus! E agora? Me lasquei todo, quebrei a máquina, por que eu inventei isso? Por que não pedi ajuda? Se eu tivesse pedido eles teriam me ajudado! O suor descendo e a mão tremendo e eu vendo meu salário com asinhas indo embora pagar o conserto da máquina, sim, porque o seguro da maquina não cobre pessoas loucas que colocam plástico pra derreter nela, né? E eu pensei:(com licença leitores) agora 'FUDEU', na minha cabeça só ficava “fudeu fudeu e agora? Fudeu” E o pior é que não era com serviço da empresa, era pessoal, pra minha tia, como explicar isso? Certeza que hoje é rua...

Como sempre fui um curioso de uma figa, resolvi buscar em minhas profundas lembranças o tempo que desmontava o vídeo cassete do meu pai pra limpar o cabeçote (quem aqui maior de trinta nunca fez isso?). Então fui na caixa de ferramentas peguei uma chave e mandei aço. Como povo do escritório já tinha ido embora e ninguém tinha me visto com a transparência tava tudo certo. Eu abri a máquina, limpei, tirei tudo, deixei tudo uma beleza só, até imprimi bonitinho uma folha, que felicidade. Agora monta tudo de novo! Vai, rápido! Montei deixei tudo no jeito e fui embora pensando: “NOSSA DEUS ME AMA MESMO! POXA ELE ME DEU ATÉ INTELIGENCIA PRA COLOCAR O NEGOCIO EM ORDEM!”

No dia seguinte, a estagiária recebeu a missão de fazer 200 cópias para o chefe. E ela estava lá xerocando, xerocando, de repente um barulho: grrrrannnnnnnn.

E a máquina emperrou. Nesse momento só o músculo que levanta a sobrancelha conseguiu se mover. Tensão.

A estagiária gritou: Gente! o que está acontecendo aqui?!? E puxou o papel, junto sai uma tira de plástico grudado no sulfite. (e eu ergui a outra sobrancelha e pensei: F – U – D – E - U. AGORA FUDEU BONITO!), todos se olharam e aí veio aquela pergunta que sempre alguém que tá afim de lascar com outro faz:

- Quem mexeu por último na máquina de Xerox?

Todo mundo se perguntando e falando: Ah! Eu usei tal hora, mas depois fulano usou. Fulano respondia: Mas eu só imprimi!

Então pensei: Eu sempre assumi meus erros, melhor eu me entregar, não vou deixar outro se lascar no meu lugar! Respirei fundo, levantei e me preparei pra bronca.

No mesmo momento, a chefe da contabilidade que se achava a sabichona, a meninona do pedaço falou: Ah gente! Vocês se esqueceram que ontem o técnico da empresa veio aqui? Ele me pediu um pedaço de durex pra fazer sei lá o que, acho que ele acabou esquecendo um pedaço dentro da máquina, e conforme a máquina foi esquentando deve ter derretido aí dentro e ferrou tudo, qualquer coisa chama ele de novo, ele fez a cagada, ele arruma.

E eu lá da minha mesa, em pé, esperando pra dizer: “fui eu!”, me segurei, olhei pro céu e disse: SENHOR TU GOSTA MESMO DE MIM NÉ? E fui na direção do banheiro pra disfarçar minha cara de alegria.