sábado, 3 de outubro de 2009

Michael Jackson Morreu

Morreu sim, e daí? Até demorei pra escrever sobre isso. Todo mundo escreveu sobre o Michael, sobre sua vida, sua carreira e até sobre sua morte e o espetáculo que foi o seu funeral; mas eu não! Demorei pra escrever porque ele também demorou pra ser enterrado. Na verdade, eu nem acho que ele morreu, mas sobre isso falo outro dia.

Depois de sua morte, todo mundo se tornou íntimo do "Rei do Pop", até pouco antes, todos diziam que ele estava esquisito, louco, excêntrico, entre outros adjetivos. Mas, bastou morrer pra vender muito mais álbuns. Quem sabe agora não seria possível pagar boa parte das dívidas adquiridas em vida, através de suas excentricidades?

Vi pessoas chorando, sentindo sua morte. Aí me perguntei: "Como chorar por alguém que nunca me ligou, que nunca veio em casa almoçar num domingo?"

Não consegui nem sentir sua falta, afinal após sua morte, tocou muito mais músicas nas rádios do já havia ouvido em toda minha vida. Como sentir saudades então?

Da mesma forma que o endeusaram, também vasculharam sua vida e levantaram todos os problemas de sua vida: familiares, financeiros, sua saúde... enfim, viraram o falecido pelo avesso.

Não vou sentir sua falta, onde trabalho chegaram revistas e mais revistas contando cada uma sua versão da vida e obra de Michael. São capas diversas, cada uma com uma foto inédita da infância de Michael, no interior comparações de como era na infância, na juventude e pouco antes de morrer. Falavam de seu nariz, sua cor, suas roupas e seus gastos.

Por falar em gastos, achei motivo pra sentir falta dele. Realmente, agora sim, vou sentir sua falta. Emprestei uma grana pra ele, não foi muito, mas fiquei sabendo que ele queria comprar luvas, e que essas luvas seriam de brilhantes. Tentei aconselhá-lo a não gastar tanto, talvez já prevendo seu futuro financeiro. Ele não me ouviu, e, disse que compraria sim luvas de brilhantes, e, se eu não emprestasse o valor que estava me pedindo ele compraria nem que fosse apenas uma.

E ele comprou. E esse ato de usar apenas uma luva (com brilhantes) se tornaria um de seus símbolos.

Por esse motivo, Michael nunca me ligou, nunca veio em casa almoçar comigo num domingo, e, por tudo isso, por essa briga, não vou sentir sua falta. Mas ainda sinto a falta do dinheiro que emprestei pra ele comprar aquela luva e que ele nunca me devolveu.