terça-feira, 20 de maio de 2008

Fique Aí Com Seus Botões

Esses dias li um texto muito bom. Recebi de uma amiga que escreve para o jornal da Universidade que trabalha. Gostei tanto que resolvi postar, segue abaixo:

“Fique aí com seus botões”

Ouvia isso de minha mãe na infância sempre que ela me punha de castigo por ter cometido alguma infração.

Para mim, era um castigo doloroso e instigante, porque parar para pensar, naquela hora, era praticamente impossível.

Era muito difícil manter a concentração na conseqüência, uma vez que a causa insistia em prevalecer a qualquer custo.

Ordenar os pensamentos sob a ordem de uma punição, requer do ser humano, o único capaz de pensar, um equilíbrio de raciocínio quase sobrecomum.

Peguei-me pensando nisso outro dia, depois que presenciei uma situação incomum: Depois de ouvir atenta e calada a conversa entre dois adultos sobre a guerra santa no Oriente Médio, minha filha perguntou com olhos curiosos:

Mas por que eles rezam e se matam?

Por longos minutos fiquei refletindo sobre a questão levantada.

Já esgotada de tanto imaginar qual seria a verdadeira razão para o conflito, resolvi caminhar pelas ruas, ao ar livre, a fim de arejar.

Enquanto respirava ao compasso das passadas, reordenei o que havia mentalmente compilado a cerca do assunto para, posteriormente, tentar responder ao interlocutor.

Foi quando avistei, em uma vitrine, algumas camisas brancas que me fizeram adentrar à loja.

Minha euforia foi tão explícita em relação à elas, que a vendedora, de pronto perguntou:

Qual destas a senhora prefere?

Respondi: A que tiver mais botões.

Por: Ângela Matté