“Fique aí com seus botões”
Ouvia isso de minha mãe na infância sempre que ela me punha de castigo por ter cometido alguma infração.
Para mim, era um castigo doloroso e instigante, porque parar para pensar, naquela hora, era praticamente impossível.
Era muito difícil manter a concentração na conseqüência, uma vez que a causa insistia em prevalecer a qualquer custo.
Ordenar os pensamentos sob a ordem de uma punição, requer do ser humano, o único capaz de pensar, um equilíbrio de raciocínio quase sobrecomum.
Peguei-me pensando nisso outro dia, depois que presenciei uma situação incomum: Depois de ouvir atenta e calada a conversa entre dois adultos sobre a guerra santa no Oriente Médio, minha filha perguntou com olhos curiosos:
Mas por que eles rezam e se matam?
Por longos minutos fiquei refletindo sobre a questão levantada.
Já esgotada de tanto imaginar qual seria a verdadeira razão para o conflito, resolvi caminhar pelas ruas, ao ar livre, a fim de arejar.
Enquanto respirava ao compasso das passadas, reordenei o que havia mentalmente compilado a cerca do assunto para, posteriormente, tentar responder ao interlocutor.
Foi quando avistei, em uma vitrine, algumas camisas brancas que me fizeram adentrar à loja.
Minha euforia foi tão explícita em relação à elas, que a vendedora, de pronto perguntou:
Qual destas a senhora prefere?
Respondi: A que tiver mais botões.
Por: Ângela Matté
Um comentário:
Muito bom!!!!
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