sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O Coiote

O sujeito entra na balada, se olha de cima em baixo, dá aquela conferida no hálito, estufa o peito como se dissesse:

"Sou o José Mayer e pra mim todo mundo aqui é Helena"


Vira pro amigo e pergunta:

- Com ou sem critério?
- Vamos ver quem pega a mulher mais feia hoje?


Vira pro lado e antes de conseguir perguntar o nome da garota ele ouve:

- Ouvi sua aposta. Se você me disser uma palavra, eu te dou um soco.


Desiste da vítima e pensa: "com ela, ganharia fácil"

Viu o amigo agarrado com uma garota no mínimo estranha e pensa que é hora de beber pra conseguir ao menos competir, pois, sóbrio não conseguiria nem o respeito do amigo.

Bebeu tanto que ficou, como dizem em Curitiba, cozido. Foi tanta cachaça que ele já nem sentia mais o corpo, parecia que flutuava. O juízo então, já tinha ficado na porta do bar.

De repente, já era de manhã. Gosto de cabo de guarda-chuva na boca, totalmente nu, suas roupas jogadas no chão. Seu braço doía muito, estava preso, sentiu que servia de travesseiro. Com dificuldade, conseguiu abrir melhor os olhos. Teve a certeza de que ganhara a aposta do amigo tamanha era a feiura do ser humano que ali dormia. Tentou não fazer barulho, nem se mexer para não acordar a mulher.

Então lembrou-se de um programa desses de TV a cabo sobre a vida dos animais onde dizia que um coiote americano quando se encontra preso nas rochas da região que habita, rói o próprio rabo a fim de se desvencilhar da armadilha natural. Respirou fundo, uma lágrima rolou pelo canto do olho e pensou o quão feliz seria se pudesse roer o próprio braço.

3 comentários:

Gleice disse...

Estou ansiosa pela continuação....

Gleice disse...

Final excelente!

Andrea disse...

Essa história realmente é incrível kkkkkkk
Bj