quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
A Palestra
Dia desses, minha amiga me ligou indicando uma palestra. Me disse que era algo sobre mercado de trabalho, como me portar em entrevistas de emprego etc. Eu, precisando de um novo emprego, aceitei o convite e ainda agradeci por isso.
Anotei o endereço, e, no dia seguinte, acordei cedo, peguei um ônibus lotado e corri muito pra não me atrasar. Chegando ao local percebi um prédio normal, sem nada que chamasse atenção. Confirmei o número. Era ali mesmo. Mas não havia sinal de outras pessoas. De trás de uma porta de vidro, apareceu um rapaz. Opa! Devo estar certo.
- Boa tarde, eu vim assistir uma palastra, sabe me dizer se é aqui?
- Sim. Respondeu o rapaz. Por favor entre, e fale com o pastor.
"Pastor?!?!" Pensei comigo.
Entrei no prédio e me dirigi ao homem: "Olá,tudo bem, vim pra palestra"
- Olá, seja muito bem vinda à nossa igreja, ficamos muito felizes em recebê-la. A paz!
Pensei comigo: "Cadê todo mundo? Igreja? Pastor? A paz? O que está acontecendo aqui?"
- Olha obrigado, mas acho que deve estar havendo algum engano aqui, vim pra uma palestra mas acho que entrei no prédio errado, até logo !
- É aqui mesmo, o pessoal não chegou ainda mas sente-se, você já conhece nossa igreja? Sou o pastor Maciel.
E falou da Bíblia, da igreja, dos cultos, das reuniões do grupo de jovens.
- Preencha nosso cadastro.
Pensei comigo: "Eu mato a Débora, ah mato, pior que isso só se ela me mandasse pra um Bingo da Terceira idade ou pra um jantar dançante dos professores aposentados da cidade". (Débora é a minha querida amiga que me deu a indicação da "palestra").
E o pessoal começou a chegar, como perceberam que eu era nova ali, vinham e me abraçavam: "Seja muito bem vinda, a Paz!"
Na décima pessoa que entrou no salão eu já estava dizendo: "Olá, a Paz"...
Começou a palestra, e, assim que vi o pessoal enturmado e que eu já não era mais o centro das atenções, saí a francesa.
Quando já estava a salvo, liguei pra minha amiga para xingá-la, ela simplesmente disse que nao sabia que era numa igreja e chorou de tanto rir.
Eu ainda me vingo dela !
Anotei o endereço, e, no dia seguinte, acordei cedo, peguei um ônibus lotado e corri muito pra não me atrasar. Chegando ao local percebi um prédio normal, sem nada que chamasse atenção. Confirmei o número. Era ali mesmo. Mas não havia sinal de outras pessoas. De trás de uma porta de vidro, apareceu um rapaz. Opa! Devo estar certo.
- Boa tarde, eu vim assistir uma palastra, sabe me dizer se é aqui?
- Sim. Respondeu o rapaz. Por favor entre, e fale com o pastor.
"Pastor?!?!" Pensei comigo.
Entrei no prédio e me dirigi ao homem: "Olá,tudo bem, vim pra palestra"
- Olá, seja muito bem vinda à nossa igreja, ficamos muito felizes em recebê-la. A paz!
Pensei comigo: "Cadê todo mundo? Igreja? Pastor? A paz? O que está acontecendo aqui?"
- Olha obrigado, mas acho que deve estar havendo algum engano aqui, vim pra uma palestra mas acho que entrei no prédio errado, até logo !
- É aqui mesmo, o pessoal não chegou ainda mas sente-se, você já conhece nossa igreja? Sou o pastor Maciel.
E falou da Bíblia, da igreja, dos cultos, das reuniões do grupo de jovens.
- Preencha nosso cadastro.
Pensei comigo: "Eu mato a Débora, ah mato, pior que isso só se ela me mandasse pra um Bingo da Terceira idade ou pra um jantar dançante dos professores aposentados da cidade". (Débora é a minha querida amiga que me deu a indicação da "palestra").
E o pessoal começou a chegar, como perceberam que eu era nova ali, vinham e me abraçavam: "Seja muito bem vinda, a Paz!"
Na décima pessoa que entrou no salão eu já estava dizendo: "Olá, a Paz"...
Começou a palestra, e, assim que vi o pessoal enturmado e que eu já não era mais o centro das atenções, saí a francesa.
Quando já estava a salvo, liguei pra minha amiga para xingá-la, ela simplesmente disse que nao sabia que era numa igreja e chorou de tanto rir.
Eu ainda me vingo dela !
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
sábado, 3 de outubro de 2009
Michael Jackson Morreu
Morreu sim, e daí? Até demorei pra escrever sobre isso. Todo mundo escreveu sobre o Michael, sobre sua vida, sua carreira e até sobre sua morte e o espetáculo que foi o seu funeral; mas eu não! Demorei pra escrever porque ele também demorou pra ser enterrado. Na verdade, eu nem acho que ele morreu, mas sobre isso falo outro dia.
Depois de sua morte, todo mundo se tornou íntimo do "Rei do Pop", até pouco antes, todos diziam que ele estava esquisito, louco, excêntrico, entre outros adjetivos. Mas, bastou morrer pra vender muito mais álbuns. Quem sabe agora não seria possível pagar boa parte das dívidas adquiridas em vida, através de suas excentricidades?
Vi pessoas chorando, sentindo sua morte. Aí me perguntei: "Como chorar por alguém que nunca me ligou, que nunca veio em casa almoçar num domingo?"
Não consegui nem sentir sua falta, afinal após sua morte, tocou muito mais músicas nas rádios do já havia ouvido em toda minha vida. Como sentir saudades então?
Da mesma forma que o endeusaram, também vasculharam sua vida e levantaram todos os problemas de sua vida: familiares, financeiros, sua saúde... enfim, viraram o falecido pelo avesso.
Não vou sentir sua falta, onde trabalho chegaram revistas e mais revistas contando cada uma sua versão da vida e obra de Michael. São capas diversas, cada uma com uma foto inédita da infância de Michael, no interior comparações de como era na infância, na juventude e pouco antes de morrer. Falavam de seu nariz, sua cor, suas roupas e seus gastos.
Por falar em gastos, achei motivo pra sentir falta dele. Realmente, agora sim, vou sentir sua falta. Emprestei uma grana pra ele, não foi muito, mas fiquei sabendo que ele queria comprar luvas, e que essas luvas seriam de brilhantes. Tentei aconselhá-lo a não gastar tanto, talvez já prevendo seu futuro financeiro. Ele não me ouviu, e, disse que compraria sim luvas de brilhantes, e, se eu não emprestasse o valor que estava me pedindo ele compraria nem que fosse apenas uma.
E ele comprou. E esse ato de usar apenas uma luva (com brilhantes) se tornaria um de seus símbolos.
Por esse motivo, Michael nunca me ligou, nunca veio em casa almoçar comigo num domingo, e, por tudo isso, por essa briga, não vou sentir sua falta. Mas ainda sinto a falta do dinheiro que emprestei pra ele comprar aquela luva e que ele nunca me devolveu.
Depois de sua morte, todo mundo se tornou íntimo do "Rei do Pop", até pouco antes, todos diziam que ele estava esquisito, louco, excêntrico, entre outros adjetivos. Mas, bastou morrer pra vender muito mais álbuns. Quem sabe agora não seria possível pagar boa parte das dívidas adquiridas em vida, através de suas excentricidades?
Vi pessoas chorando, sentindo sua morte. Aí me perguntei: "Como chorar por alguém que nunca me ligou, que nunca veio em casa almoçar num domingo?"
Não consegui nem sentir sua falta, afinal após sua morte, tocou muito mais músicas nas rádios do já havia ouvido em toda minha vida. Como sentir saudades então?
Da mesma forma que o endeusaram, também vasculharam sua vida e levantaram todos os problemas de sua vida: familiares, financeiros, sua saúde... enfim, viraram o falecido pelo avesso.
Não vou sentir sua falta, onde trabalho chegaram revistas e mais revistas contando cada uma sua versão da vida e obra de Michael. São capas diversas, cada uma com uma foto inédita da infância de Michael, no interior comparações de como era na infância, na juventude e pouco antes de morrer. Falavam de seu nariz, sua cor, suas roupas e seus gastos.
Por falar em gastos, achei motivo pra sentir falta dele. Realmente, agora sim, vou sentir sua falta. Emprestei uma grana pra ele, não foi muito, mas fiquei sabendo que ele queria comprar luvas, e que essas luvas seriam de brilhantes. Tentei aconselhá-lo a não gastar tanto, talvez já prevendo seu futuro financeiro. Ele não me ouviu, e, disse que compraria sim luvas de brilhantes, e, se eu não emprestasse o valor que estava me pedindo ele compraria nem que fosse apenas uma.
E ele comprou. E esse ato de usar apenas uma luva (com brilhantes) se tornaria um de seus símbolos.
Por esse motivo, Michael nunca me ligou, nunca veio em casa almoçar comigo num domingo, e, por tudo isso, por essa briga, não vou sentir sua falta. Mas ainda sinto a falta do dinheiro que emprestei pra ele comprar aquela luva e que ele nunca me devolveu.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Viva a Noiva
Recebi um convite de casamento. Chique, lindo, diferente de todos que já vi até hoje. Até aí, nenhuma novidade. Mas vamos aos fatos.
Meu amigo Antonio viajou a negócios para Brasilia. Baladeiro, já quis logo saber dos lugares pra se divertir e cair na noite, pesquisou na internet barzinhos que tocassem MPB. Encontrou dois, porém, um lhe chamou a atenção, já que teria música ao vivo e era muito proximo do hotel onde estava hospedado, ou seja, poderia voltar bêbado e nem ia se preocupar em dirigir, ou se a noite lhe trouxesse sorte, poderia voltar acompanhado.
Chegando lá, ainda cedo, avistou mulheres bonitas sentadas , já se animou "opa! vim ao lugar certo".
Sentou naquela mesa estratégica, aquela que dá pra analisar todas as possíveis vítimas e jogar aquele olhar fulminante antes de partir pro ataque. Continuou bebendo, passava a mão nos cabelos, aquele charme todo de quem quer ver e ser visto. E mais mulheres chegando, o bar enchendo, a cantora atrasada, tudo bem coisa de sábado a noite, ele já estava se sentindo em um harém, muita mulher bonita, elas o olhavam insistentemente. Ele só conseguia pensar na sorte que tinha lhe abençoado, parecia miragem, que noite agradável, qualquer um queria esta em seu lugar.
Ele foi ao banheiro e quando voltou sentou-se a mesa, e, de repente se apresenta um outro homem, forte, alto e diz: "Prazer, meu nome é Marcio, estou vendo você aqui sozinho, charmoso, posso me sentar e te conhecer melhor?"
Ele diz: "Marcio, nada contra você se sentar aqui, mas eu não sou gay, estou de olho naquela loira ali da frente, e, você pode queimar meu filme."
Gay: "Nossa gato que maneira de dar um fora, que grosso"
Foi quando ele se deu conta, aquelas mulheres bonitas eram lésbicas, e, ali era um bar GLS. Ele quis sair correndo do bar antes mesmo do show começar, mas Marcio percebendo que Antonio era novo ali, tentou acalmá-lo e deixá-lo a vontade. Vários whiskies depois, já estavam cantando abraçados músicas românticas e sendo aplaudidos por todos do bar.
Eles se casam na próxima semana, em cerimônia íntima, apenas para amigos.
Meu amigo Antonio viajou a negócios para Brasilia. Baladeiro, já quis logo saber dos lugares pra se divertir e cair na noite, pesquisou na internet barzinhos que tocassem MPB. Encontrou dois, porém, um lhe chamou a atenção, já que teria música ao vivo e era muito proximo do hotel onde estava hospedado, ou seja, poderia voltar bêbado e nem ia se preocupar em dirigir, ou se a noite lhe trouxesse sorte, poderia voltar acompanhado.
Chegando lá, ainda cedo, avistou mulheres bonitas sentadas , já se animou "opa! vim ao lugar certo".
Sentou naquela mesa estratégica, aquela que dá pra analisar todas as possíveis vítimas e jogar aquele olhar fulminante antes de partir pro ataque. Continuou bebendo, passava a mão nos cabelos, aquele charme todo de quem quer ver e ser visto. E mais mulheres chegando, o bar enchendo, a cantora atrasada, tudo bem coisa de sábado a noite, ele já estava se sentindo em um harém, muita mulher bonita, elas o olhavam insistentemente. Ele só conseguia pensar na sorte que tinha lhe abençoado, parecia miragem, que noite agradável, qualquer um queria esta em seu lugar.
Ele foi ao banheiro e quando voltou sentou-se a mesa, e, de repente se apresenta um outro homem, forte, alto e diz: "Prazer, meu nome é Marcio, estou vendo você aqui sozinho, charmoso, posso me sentar e te conhecer melhor?"
Ele diz: "Marcio, nada contra você se sentar aqui, mas eu não sou gay, estou de olho naquela loira ali da frente, e, você pode queimar meu filme."
Gay: "Nossa gato que maneira de dar um fora, que grosso"
Foi quando ele se deu conta, aquelas mulheres bonitas eram lésbicas, e, ali era um bar GLS. Ele quis sair correndo do bar antes mesmo do show começar, mas Marcio percebendo que Antonio era novo ali, tentou acalmá-lo e deixá-lo a vontade. Vários whiskies depois, já estavam cantando abraçados músicas românticas e sendo aplaudidos por todos do bar.
Eles se casam na próxima semana, em cerimônia íntima, apenas para amigos.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
terça-feira, 7 de julho de 2009
Cada Um Com o Seu
Este é o trsite relato de uma amiga, a Sharon:
Gente, tenho uma coisa pra contar pra vocês.
Imaginem só, fui no banheiro pra fazer xixi e a tampa do vaso sanitário estava abaixada, ao levantar me deparei com um cocosão.Fiquei chocada, como assim compartilhar cocô alheio? Cada um com o seu cocô não é verdade , por isso é que vamos ao banheiro um de cada vez, certo?
Como estava muito apertada ,fiz xixi e depois de aliviada dei a descarga, ainda indignada.
Tal foi minha surpresa, a privada se rebelou e aquele cocô alheio começou a vir ao meu encontro, minha gente. Que desespero, achei que seria atacada pelo exército da guarda real da bostolândia. Eu só disse pausadamente: AI- MEU – DEUS – NÃOOOOOOOOOOOOOOOOO! A privada estava entupida e quando mais precisei dela ela só me dava água, água, cocô e mais água.
Eu só pensava: e agora? O que devo fazer? Socorro !!!!!!!!!!!!!!!!!
De repente, no ponto de transbordar e eu melar todo meu sapato novo, a água começou a descer voltando a sua total normalidade dentro daquela privada que agora parecia inofensiva.
Ufffaaaaaa, foi por pouco quase que fui inundada pela podridão do ser humano
Nunca suei tanto pra usar o banheiro.
Gente, tenho uma coisa pra contar pra vocês.
Imaginem só, fui no banheiro pra fazer xixi e a tampa do vaso sanitário estava abaixada, ao levantar me deparei com um cocosão.Fiquei chocada, como assim compartilhar cocô alheio? Cada um com o seu cocô não é verdade , por isso é que vamos ao banheiro um de cada vez, certo?
Como estava muito apertada ,fiz xixi e depois de aliviada dei a descarga, ainda indignada.
Tal foi minha surpresa, a privada se rebelou e aquele cocô alheio começou a vir ao meu encontro, minha gente. Que desespero, achei que seria atacada pelo exército da guarda real da bostolândia. Eu só disse pausadamente: AI- MEU – DEUS – NÃOOOOOOOOOOOOOOOOO! A privada estava entupida e quando mais precisei dela ela só me dava água, água, cocô e mais água.
Eu só pensava: e agora? O que devo fazer? Socorro !!!!!!!!!!!!!!!!!
De repente, no ponto de transbordar e eu melar todo meu sapato novo, a água começou a descer voltando a sua total normalidade dentro daquela privada que agora parecia inofensiva.
Ufffaaaaaa, foi por pouco quase que fui inundada pela podridão do ser humano
Nunca suei tanto pra usar o banheiro.
terça-feira, 28 de abril de 2009
A Princesa e o Carteiro
Meu amigo Mike, o carteiro, tinha uma paixão recolhida.
Todos os dias às 7 horas da manhã, pegávamos o mesmo ônibus lotado para ir ao trabalho. A única alegria do Mike, o carteiro, era quando chegávamos no ponto de ônibus onde entrava Edna. Era uma garota que Mike, o carteiro, se apaixonara, mas nunca haviam trocado uma única palavra. Paixão platônica, sabe?
Ele ficava sem graça toda vez que ela entrava no ônibus e vinha em nossa direção. Mudava o rumo da conversa, se aprumava, enchia o peito e aguardava pelo menos um "bom dia". E esse "bom dia" finalmente chegou. Edna entrou no ônibus, pagou a passagem e veio na direção do Mike, o carteiro. Ela deu o tão esperado cumprimento e um pouco sem graça pediu pra ficar na janela onde Mike, o carteiro, estava de pé, próximo ao cobrador. Ele sem entender muito bem o que estava acontecendo, cedeu o lugar. Ela pálida e suando, disse sem cerimônia:
- Não estou bem, tive uma noite de rainha. Da cama pro "trono", do "trono" pra cama.
Mike, o carteiro, parecia não acreditar no que acabara de ouvir. Sua musa, sua Garota do Fantástico acabara de dizer pra ele "oi, bom dia, me caguei toda essa noite, tudo bem com você?". Aquilo foi quase o fim para uma paixão tão arrebatadora que Mike, o carteiro, sentia.
Mas ainda tinha mais por vir.
Ela se sentindo fraca e sem forças para se manter de pé, pediu para Mike, o carteiro, arrumar um lugar para ela se sentar. E ele conseguiu. Mesmo com protestos, ele pediu para uma senhora dar lugar para Edna. Mike, o carteiro, tentou ser o mais discreto possível, mas Edna não ajudava. Ela apertava a barriga e dizia que se não sentasse algo ruim sairia. E sairia tudo.
Eu via no rosto do Mike, o carteiro, que amor nenhum suportaria aquela cena. E, depois de conseguir sentar, Edna ainda apertava a barriga e fazia caretas. A bomba estava prestes a explodir. E que explosão seria aquela.
Edna levantou-se, deu sinal e pediu aos berros pro motorista parar o ônibus para ela descer. Era um misto de risadinhas tensas e sacanas dentro do ônibus. Antes de descer, Edna olha pra Mike e diz:
- Acho que não consegui segurar.
Todos os dias às 7 horas da manhã, pegávamos o mesmo ônibus lotado para ir ao trabalho. A única alegria do Mike, o carteiro, era quando chegávamos no ponto de ônibus onde entrava Edna. Era uma garota que Mike, o carteiro, se apaixonara, mas nunca haviam trocado uma única palavra. Paixão platônica, sabe?
Ele ficava sem graça toda vez que ela entrava no ônibus e vinha em nossa direção. Mudava o rumo da conversa, se aprumava, enchia o peito e aguardava pelo menos um "bom dia". E esse "bom dia" finalmente chegou. Edna entrou no ônibus, pagou a passagem e veio na direção do Mike, o carteiro. Ela deu o tão esperado cumprimento e um pouco sem graça pediu pra ficar na janela onde Mike, o carteiro, estava de pé, próximo ao cobrador. Ele sem entender muito bem o que estava acontecendo, cedeu o lugar. Ela pálida e suando, disse sem cerimônia:
- Não estou bem, tive uma noite de rainha. Da cama pro "trono", do "trono" pra cama.
Mike, o carteiro, parecia não acreditar no que acabara de ouvir. Sua musa, sua Garota do Fantástico acabara de dizer pra ele "oi, bom dia, me caguei toda essa noite, tudo bem com você?". Aquilo foi quase o fim para uma paixão tão arrebatadora que Mike, o carteiro, sentia.
Mas ainda tinha mais por vir.
Ela se sentindo fraca e sem forças para se manter de pé, pediu para Mike, o carteiro, arrumar um lugar para ela se sentar. E ele conseguiu. Mesmo com protestos, ele pediu para uma senhora dar lugar para Edna. Mike, o carteiro, tentou ser o mais discreto possível, mas Edna não ajudava. Ela apertava a barriga e dizia que se não sentasse algo ruim sairia. E sairia tudo.
Eu via no rosto do Mike, o carteiro, que amor nenhum suportaria aquela cena. E, depois de conseguir sentar, Edna ainda apertava a barriga e fazia caretas. A bomba estava prestes a explodir. E que explosão seria aquela.
Edna levantou-se, deu sinal e pediu aos berros pro motorista parar o ônibus para ela descer. Era um misto de risadinhas tensas e sacanas dentro do ônibus. Antes de descer, Edna olha pra Mike e diz:
- Acho que não consegui segurar.
quarta-feira, 22 de abril de 2009
O Charlatanismo É Uma Arte
Era 1º de abril, dia da mentira, já era fim do dia e não tinha pegado ninguém com minhas "mentirinhas". Ao passar pela recepção tive uma conversa ao telefone interrompida pela secretária:
- Veja minhas fotos.
- Só um minuto Érika, estou ao telefone.
- Olha como eu era bonita quando criança.
- A-hã, verdade. Só um minuto que já vejo.
- Olha essa, olha como eu era linda.
- Tudo bem então, te ligo depois. Deixa eu ver essas fotos aí.
De repente olho pro calendário e vejo o dia 1º de abril em destaque. Minha mente já foi a mil, mas prometi pra mim mesmo que se não conseguisse pegar a secretária numa brincadeira, seria minha última tentativa.
- Nossa Érika, como você era bonitinha mesmo... Mas não é por nada não, mas acho que eu te conheci quando criança.
- Ah, para de brincadeira.
- Não. É sério, acho que estudei com você. Você não estudou ali na...
- Vila Madalena.
- Isso mesmo Érika, estudei lá. Naquele colégio que tinha nome de professor, lembra?
- Sim, no colégio Professor Ruy Almeida.
- Lá mesmo, agora sim to lembrado de você. Eu sentava no fundo da sala, lembra?
- Hummm... Não tenho certeza.
- Agora você vai lembrar, eu era da turma do Paulo (inventei essa porque toda classe tem um Paulo), lembra dele? Um moreninho...
- Ahhhh, agora sim. Esse Paulo foi um que virou padre?
- Não Érika, você está se confundindo. O que virou padre foi o Ricardo.
Quando eu pensei que já estava exagerando no meu charlatanismo, ela responde:
- É mesmo... foi o Ricardo não o Paulo.
Foi demais pra mim, comecei a me empolgar e inventar histórias e mais histórias. Até que o motoboy da empresa começou a rir tanto da secretária que ela desconfiou e me perguntou:
- Você não está mentindo pra mim, né?
- Érika, claro que não. Onde já se viu?
- É o que eu mereço. Fico dando liberdade pra motoboy. Vai embora daqui Cassiano, vai fazer as entregas que te mandei.
Nunca mais desmenti a história e às vezes ela me pergunta:
- Tem visto o Padre Ricardo? Manda um abraço meu pra ele...
- Veja minhas fotos.
- Só um minuto Érika, estou ao telefone.
- Olha como eu era bonita quando criança.
- A-hã, verdade. Só um minuto que já vejo.
- Olha essa, olha como eu era linda.
- Tudo bem então, te ligo depois. Deixa eu ver essas fotos aí.
De repente olho pro calendário e vejo o dia 1º de abril em destaque. Minha mente já foi a mil, mas prometi pra mim mesmo que se não conseguisse pegar a secretária numa brincadeira, seria minha última tentativa.
- Nossa Érika, como você era bonitinha mesmo... Mas não é por nada não, mas acho que eu te conheci quando criança.
- Ah, para de brincadeira.
- Não. É sério, acho que estudei com você. Você não estudou ali na...
- Vila Madalena.
- Isso mesmo Érika, estudei lá. Naquele colégio que tinha nome de professor, lembra?
- Sim, no colégio Professor Ruy Almeida.
- Lá mesmo, agora sim to lembrado de você. Eu sentava no fundo da sala, lembra?
- Hummm... Não tenho certeza.
- Agora você vai lembrar, eu era da turma do Paulo (inventei essa porque toda classe tem um Paulo), lembra dele? Um moreninho...
- Ahhhh, agora sim. Esse Paulo foi um que virou padre?
- Não Érika, você está se confundindo. O que virou padre foi o Ricardo.
Quando eu pensei que já estava exagerando no meu charlatanismo, ela responde:
- É mesmo... foi o Ricardo não o Paulo.
Foi demais pra mim, comecei a me empolgar e inventar histórias e mais histórias. Até que o motoboy da empresa começou a rir tanto da secretária que ela desconfiou e me perguntou:
- Você não está mentindo pra mim, né?
- Érika, claro que não. Onde já se viu?
- É o que eu mereço. Fico dando liberdade pra motoboy. Vai embora daqui Cassiano, vai fazer as entregas que te mandei.
Nunca mais desmenti a história e às vezes ela me pergunta:
- Tem visto o Padre Ricardo? Manda um abraço meu pra ele...
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Ali Babá
Meu primo César tinha uma mania. Em toda porta que ele pretendia entrar, ele parava, olhava a porta de cima a baixo e dizia: “Abra-te César”. Quando ouvi aquilo a primeira vez, achei apenas engraçado, mas percebi que muita gente já estava irritada com isso.
Aos poucos comecei a ver que muitas pessoas tentavam explicar que se era pra fazer referência ao Ali Babá e os 40 Ladrões, que deveria ser: “Abra-te Sésamo”. Ele apenas olhava para a pessoa e abria um pequeno sorriso no canto da boca. Nada dizia.
Uma vez tive a impressão de tê-lo visto utilizando essa frase junto à porta da geladeira.
Outra vez, andando pelo centro da cidade, passamos em frente a um prédio abandonado, César parou, suspirou e com uma lágrima escorrendo pelo canto do olho sussurrou:
- Primo, é aqui! Eu sinto que é aqui.
- Aqui onde César? O que é aqui?
E ele me contou que quando criança, ouvindo a história do Ali Babá, ficava imaginando abrir uma porta com uma frase secreta, onde encontraria riquezas infinitas, mulheres e um mundo todo seu, mas que para isso deveria usar uma senha, uma frase só sua. Como o forte dele não era a criatividade, ele tentaria usar essa mesma: “Abra-te César”.
Eu imaginei que meu primo estava doido, mas mantive minha cara de conteúdo, como se estivesse entendendo e concordando com tudo o que ouvia. Fiz menção de ir embora, mas ele me disse pra ficar, pois ele tinha certeza de que era lá.
- Mas o que é aí?
Então ele andou até a frente da porta do prédio abandonado e disse:
- Abra-te César!
Eu não podia acreditar naquilo, pra mim já era demais, mas de repente, de dentro daquele prédio abandonado a porta se abre: Compadre Washington do É o Tchan, as Sheilas, Carla Perez e até a Débora Brasil, todos na porta fazendo sinal para César entrar. Ele virou pra mim, com os olhos já marejados:
- É aqui, achei! Achei!
E entrou, sem nem olhar para trás. Nunca contei pra ninguém o que aconteceu naquele dia. Tive até que prestar depoimento e até hoje sou suspeito pelo desaparecimento do meu primo, minha avó nem fala mais comigo...
Dias desses, César me ligou. No fundo dava pra ouvir risinhos femininos, pessoas brindando. Não consegui prestar muita atenção no que ele me disse, o Axé estava muito alto:
O califa tá de olho no decote dela
Tá de olho no biquinho do peitinho dela
Tá de olho na marquinha da calcinha dela
Tá de olho no balanço das cadeiras dela
Aos poucos comecei a ver que muitas pessoas tentavam explicar que se era pra fazer referência ao Ali Babá e os 40 Ladrões, que deveria ser: “Abra-te Sésamo”. Ele apenas olhava para a pessoa e abria um pequeno sorriso no canto da boca. Nada dizia.
Uma vez tive a impressão de tê-lo visto utilizando essa frase junto à porta da geladeira.
Outra vez, andando pelo centro da cidade, passamos em frente a um prédio abandonado, César parou, suspirou e com uma lágrima escorrendo pelo canto do olho sussurrou:
- Primo, é aqui! Eu sinto que é aqui.
- Aqui onde César? O que é aqui?
E ele me contou que quando criança, ouvindo a história do Ali Babá, ficava imaginando abrir uma porta com uma frase secreta, onde encontraria riquezas infinitas, mulheres e um mundo todo seu, mas que para isso deveria usar uma senha, uma frase só sua. Como o forte dele não era a criatividade, ele tentaria usar essa mesma: “Abra-te César”.
Eu imaginei que meu primo estava doido, mas mantive minha cara de conteúdo, como se estivesse entendendo e concordando com tudo o que ouvia. Fiz menção de ir embora, mas ele me disse pra ficar, pois ele tinha certeza de que era lá.
- Mas o que é aí?
Então ele andou até a frente da porta do prédio abandonado e disse:
- Abra-te César!
Eu não podia acreditar naquilo, pra mim já era demais, mas de repente, de dentro daquele prédio abandonado a porta se abre: Compadre Washington do É o Tchan, as Sheilas, Carla Perez e até a Débora Brasil, todos na porta fazendo sinal para César entrar. Ele virou pra mim, com os olhos já marejados:
- É aqui, achei! Achei!
E entrou, sem nem olhar para trás. Nunca contei pra ninguém o que aconteceu naquele dia. Tive até que prestar depoimento e até hoje sou suspeito pelo desaparecimento do meu primo, minha avó nem fala mais comigo...
Dias desses, César me ligou. No fundo dava pra ouvir risinhos femininos, pessoas brindando. Não consegui prestar muita atenção no que ele me disse, o Axé estava muito alto:
O califa tá de olho no decote dela
Tá de olho no biquinho do peitinho dela
Tá de olho na marquinha da calcinha dela
Tá de olho no balanço das cadeiras dela
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